Capítulo 5 - A Sombra do TOC: Explicando e Enfrentando o Diagnóstico F42.0 CID-10 e o papel da TCC
Capítulo 5
A Sombra do
TOC: Explicando e Enfrentando o Diagnóstico F42.0 CID-10 e o papel da TCC
Minha jornada com o diagnóstico F42.0 CID-10, o Transtorno
Obsessivo-Compulsivo (TOC) com predominância de ideias ou ruminações
obsessivas, não começou de forma clara. Como muitas histórias de saúde mental,
a minha também foi marcada por uma mistura de confusão, negação e,
eventualmente, aceitação. Este capítulo é uma exploração desse caminho sinuoso,
onde a esperança e a resiliência emergem das sombras da obsessão.
Os Primeiros Sinais
Eu não sabia que as minhas constantes preocupações e rituais mentais
tinham um nome. Era como viver com uma tempestade constante na mente, onde cada
pensamento desencadeava uma cadeia interminável de outros pensamentos, cada um
mais ansioso do que o anterior. Dra. Ana Beatriz Barbosa, em seu livro
"Mentes Ansiosas", descreve como o TOC se infiltra sorrateiramente na
vida das pessoas, transformando preocupações normais em medos incapacitantes.
Ela diz que "o TOC é como uma prisão mental onde o próprio pensamento se
torna o carcereiro" (Barbosa, 2014).
O Diagnóstico
Minha jornada até o diagnóstico foi longa e dolorosa. Passei anos
pulando de médico em médico, cada um com uma teoria diferente sobre meus
sintomas. Foi somente após uma consulta detalhada com um psiquiatra
especializado que recebi o diagnóstico de F42.0 CID-10. Diogo Lara, em seu
livro "Corações Descontrolados", menciona que "o diagnóstico de
TOC é frequentemente tardio, pois os sintomas são confundidos com ansiedade
generalizada ou até mesmo com manias pessoais" (Lara, 2015).
Vamos explorar o que acontece na mente de alguém com Transtorno
Obsessivo-Compulsivo (TOC) como se estivéssemos desvendando um mistério.
Imagine o cérebro como uma máquina complexa, com engrenagens que devem
funcionar perfeitamente. No entanto, para aqueles que enfrentam o TOC, algumas
dessas engrenagens estão fora de sincronia, criando uma experiência intensa e
às vezes assustadora.
O Labirinto dos
Pensamentos Obsessivos
Tudo começa com pensamentos que surgem sem aviso, como invasores em uma
fortaleza mental. Essas obsessões são como sombras que pairam sobre a mente,
trazendo uma sensação de ansiedade avassaladora. Podem ser preocupações com
germes, medo constante pela segurança ou dúvidas incessantes sobre se a porta
de casa está realmente trancada. Esses pensamentos não pedem licença; eles se
instalam, repetitivos e persistentes, como uma melodia incômoda que não para de
tocar.
O Ritual das
Compulsões
Para tentar escapar dessa música mental incessante, surge a necessidade
de realizar certos rituais, conhecidos como compulsões. É como se o cérebro
estivesse preso em um ciclo de ações que precisa completar para sentir algum
alívio, mesmo que temporário. Lavar as mãos até a pele ficar vermelha,
verificar a porta incontáveis vezes ou alinhar objetos meticulosamente são
apenas algumas dessas ações. E não são apenas comportamentos físicos; podem
também se manifestar em padrões sutis nas relações interpessoais, como a
necessidade de garantir constantemente que tudo está "certo" com as
pessoas ao redor. Este último exemplo parece ser o que mais me aflige.
O Jogo Desordenado
das Engrenagens Neurais
Mas o que realmente está acontecendo por trás dessa cortina? É aqui que
o verdadeiro mistério se desdobra. Dentro do cérebro, regiões como o córtex
orbitofrontal, o núcleo caudado e o cíngulo anterior desempenham papéis
cruciais. O córtex orbitofrontal, nosso guia emocional, o núcleo caudado, o
guardião dos nossos movimentos e pensamentos, e o cíngulo anterior, o regulador
das respostas emocionais, deveriam trabalhar juntos em perfeita harmonia. No
entanto, no TOC, essa comunicação é distorcida, como uma linha telefônica com
estática. A pessoa fica presa em um ciclo interminável de obsessões e
compulsões, incapaz de encontrar uma saída clara.
A Poção Mágica:
Medicação e TCC
Agora, imagine um elixir que pode ajudar a restaurar o equilíbrio dessa
máquina. Esse é o papel dos inibidores seletivos da recaptação de serotonina
(ISRS). Esses medicamentos funcionam como engenheiros cerebrais, ajustando os
níveis de serotonina, um neurotransmissor crucial para o nosso bem-estar. Com
mais serotonina disponível, as conexões nervosas começam a se comunicar de
maneira mais eficaz, como se a estática na linha telefônica fosse finalmente
eliminada. Isso ajuda a suavizar a intensidade dos pensamentos obsessivos e a
necessidade de cumprir compulsões, trazendo um alívio tão esperado.
Além disso, a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) age como um mapa do
tesouro para o cérebro, ensinando a pessoa a navegar pelos labirintos de suas
obsessões e compulsões. Com estratégias específicas, a TCC ajuda a pessoa a
enfrentar seus medos e a quebrar o ciclo vicioso, trazendo uma nova luz para a
vida daqueles que enfrentam essa jornada.
Essa é apenas uma visão simplificada de uma condição complexa, mas mesmo
dentro dessa simplicidade, há uma esperança palpável. A chave para desbloquear
uma vida melhor pode estar na combinação certa de tratamento, compreensão e
suporte. E, ao final de cada dia, saber que existe um caminho para sair do
labirinto já é um começo para a cura.
Vivendo com o TOC
Receber o diagnóstico foi um alívio e uma maldição ao mesmo tempo. Havia
um nome para o que eu estava enfrentando, mas isso também significava que eu
tinha uma batalha difícil pela frente. Louise L. Hay, em "Você Pode Curar
Sua Vida", enfatiza a importância de enfrentar os próprios demônios
internos com compaixão e amor próprio. Ela escreve: "Reconhecer o TOC é o
primeiro passo para a cura. A aceitação abre a porta para a transformação"
(Hay, 1984).
A Busca por
Tratamento
Iniciei um tratamento que envolvia terapia cognitivo-comportamental
(TCC) e medicação. O TOC, como explica o DATASUS, "é um transtorno crônico
que requer uma abordagem multifacetada, combinando intervenções psicológicas e
farmacológicas" (DATASUS, 2020). A TCC me ajudou a desafiar meus
pensamentos obsessivos e a reduzir os rituais mentais que dominavam minha vida.
Mas durou apenas 6 meses, em 2022.
Casos Semelhantes
Durante minha jornada, encontrei conforto em histórias de outras pessoas
que enfrentaram o TOC. Um caso notável foi o de João, que, aos 35 anos, lutava
com pensamentos obsessivos sobre contaminação. Ele descreveu sua vida como
"um constante campo de batalha mental", mas encontrou alívio através
da TCC e do apoio de grupos de terapia.
A história de João me inspirou a continuar meu próprio tratamento e a
nunca desistir, mesmo nos dias mais sombrios.
A Luz no Fim do
Túnel
Hoje, ainda enfrento desafios diários com o TOC, mas encontrei um
equilíbrio que antes parecia impossível. A prática diária de meditação, a
escrita terapêutica e a leitura de autores como Ana Beatriz Barbosa, Louise L.
Hay e Diogo Lara me deram ferramentas para lidar com os altos e baixos da vida
com TOC.
Minha esperança é que minha história possa inspirar outros a buscar
ajuda e a acreditar na possibilidade de uma vida plena e significativa, apesar
do diagnóstico.
O Transtorno
A mente de uma pessoa diagnosticada com Transtorno Obsessivo-Compulsivo
(TOC) e episódios de mania pode ser bastante complexa e desafiadora, uma vez
que esses dois transtornos afetam o pensamento, as emoções e o comportamento de
maneiras distintas, mas também podem se interligar de formas únicas. Vamos
explorar como esses transtornos funcionam individualmente e em conjunto:
Transtorno
Obsessivo-Compulsivo (TOC)
O TOC é caracterizado por:
- Obsessões: Pensamentos, imagens ou impulsos recorrentes e
persistentes que são intrusivos e indesejados, causando ansiedade ou
desconforto significativo. Por exemplo, medo de contaminação, dúvidas
constantes, necessidade de simetria.
- Compulsões: Comportamentos repetitivos ou atos mentais que a
pessoa sente que deve realizar em resposta a uma obsessão ou de acordo com
regras rígidas. O objetivo das compulsões é reduzir a ansiedade ou evitar um
evento temido. Exemplos incluem lavar as mãos repetidamente, verificar coisas
várias vezes, contar ou organizar itens de maneira específica. Ou outras como
compulsão por alimentos, compras, fármacos, tabaco e etc.
Episódios de Mania
Os episódios de mania são um componente do Transtorno Bipolar e incluem:
- Humor Elevado: Sentimento anormalmente alto ou irritável.
- Níveis de Energia
Altos: Aumento de
energia e atividade física e mental.
- Grandiosidade: Autoestima inflada, sensação de invencibilidade
ou poder exagerado.
- Comportamento
Impulsivo: Tomada de
decisões precipitadas sem consideração pelas consequências, como gastos
excessivos, atividade sexual imprudente, comportamentos arriscados.
Interação entre TOC
e Episódios de Mania
Quando uma pessoa com TOC também experimenta episódios de mania, pode
haver uma interação complexa entre os sintomas dos dois transtornos:
- Aumento das
Obsessões e Compulsões: Durante
um episódio maníaco, os níveis elevados de energia e a excitação podem
intensificar as obsessões e compulsões. A pessoa pode sentir uma necessidade
ainda maior de realizar os rituais compulsivos, e esses comportamentos podem se
tornar mais frequentes e intensos.
- Impulsividade e
Comportamento Compulsivo: A
impulsividade característica da mania pode levar a comportamentos compulsivos
mais extremos ou arriscados. Por exemplo, uma pessoa pode gastar grandes somas
de dinheiro comprando itens específicos que atendam às suas obsessões.
- Confusão e
Angústia: A
combinação de pensamentos obsessivos intrusivos e a energia maníaca pode causar
grande confusão e angústia. A pessoa pode se sentir sobrecarregada pelos
pensamentos e pela necessidade de agir sobre eles, enquanto ao mesmo tempo lida
com a euforia ou irritabilidade maníaca.
- Interferência na
Vida Diária: Tanto o
TOC quanto os episódios de mania podem interferir significativamente na vida
diária, e sua combinação pode levar a problemas ainda maiores no funcionamento
social, ocupacional e pessoal.
Conclusão sobre o
diagnóstico
A jornada com o diagnóstico F42.0 CID-10 não é linear. É um caminho
cheio de reviravoltas, quedas e, eventualmente, ascensões. Aprendi que a
resiliência não é a ausência de medo, mas a coragem de continuar apesar dele.
Como Louise L. Hay sabiamente colocou: "Cada pensamento que temos está
criando nosso futuro" (Hay, 1984). E eu escolho criar um futuro onde a
esperança e a resiliência prevaleçam, mesmo nas sombras do TOC.
Adictivo Atual
Após passar pelo álcool e pelo Tabaco, os episódios de mania continuam,
de maneira controlada medicalmente, com a compulsão alimentar, por compras e
pelo excesso dos Benzodiazepínicos – o mais grave dos vícios pelo seu efeito
sedativo, para além da sensação de redução da ansiedade. Mas o que são os
Benzodiazepínicos?
Benzodiazepínicos: O que são, para que
servem e efeitos colaterais
Os benzodiazepínicos são uma classe de medicamentos que atuam no sistema
nervoso central, principalmente no cérebro. Eles aumentam a ação do
neurotransmissor ácido gama-aminobutírico (GABA), que possui um efeito
inibitório sobre a atividade neural, resultando em uma ação sedativa e
ansiolítica.
Para que servem?
Os benzodiazepínicos são amplamente utilizados para tratar várias
condições médicas, incluindo:
1. Ansiedade: Reduzem os sintomas de ansiedade, proporcionando
uma sensação de calma.
2. Insônia: Ajudam no tratamento de distúrbios do sono,
induzindo e mantendo o sono.
3. Convulsões: Utilizados como anticonvulsivantes para controlar
convulsões e epilepsia.
4. Espasmos
Musculares: Aliviam
espasmos musculares dolorosos.
5. Síndrome de
Abstinência Alcoólica: Reduzem os
sintomas de abstinência em pessoas que estão se desintoxicando do álcool.
6. Procedimentos
Médicos: Utilizados
como sedativos durante procedimentos médicos para reduzir a ansiedade e
proporcionar sedação.
Efeitos colaterais
Embora eficazes, os benzodiazepínicos podem causar uma série de efeitos
colaterais, especialmente quando usados a longo prazo. Alguns dos principais
efeitos colaterais incluem:
1. Sedação e
Sonolência: Podem causar cansaço excessivo e sonolência.
2. Tontura e
Desequilíbrio: Aumentam o risco de quedas e acidentes, especialmente em
idosos.
3. Problemas
Cognitivos: Podem afetar a memória e a capacidade de concentração.
4. Dependência e
Tolerância: Uso
prolongado pode levar à dependência física e psicológica, além de tolerância,
exigindo doses maiores para obter o mesmo efeito.
5. Reações
Paradoxais: Em alguns
casos, podem causar efeitos opostos, como agitação, irritabilidade e insônia.
6. Depressão
Respiratória: Em doses
elevadas, podem suprimir a respiração, especialmente quando combinados com
outros depressivos do sistema nervoso central, como álcool e opióides.
7. Sintomas de
Abstinência: A
interrupção abrupta pode causar sintomas de abstinência graves, como ansiedade,
insônia, tremores e, em casos extremos, convulsões.
Os benzodiazepínicos são medicamentos valiosos para o tratamento de
várias condições médicas, mas seu uso deve ser cuidadosamente monitorado devido
ao risco de dependência e outros efeitos colaterais. É importante utilizá-los
sob orientação médica e seguir as recomendações de dosagem e duração do
tratamento.
No meu caso, os efeitos colaterais são eminentes nas altas dosagens sob as quais recaio depois da primeira delas. Hoje, o uso de qualquer um desses fármacos são monitorados por outra pessoa que não seja eu mesma. Por causa do meu transtorno de ansiedade generalizada, eu não posso tirá-los do tratamento. O autocuidado é condição fundamental nesse contexto.
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